1000000 de visitas

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Crise de 1929, queda do índice geral da bolsa de Nova York em 1929. Em 1927, após um período de fortes investimentos no estrangeiro e com uma economia crescente, os financistas norte-americanos que operavam em Wall Street centraram-se no mercado interno. Quanto mais compravam, maior era a subida dos preços, o que atraía mais investimentos. Em 24 de outubro de 1929, conhecido como “quinta-feira negra”, iniciou-se um forte movimento vendedor, que produziu o colapso das cotações na referida bolsa. Embora muitos analistas pensassem, no princípio, que se tratava de um ajuste passageiro do mercado, o crack de Wall Street marcou o início da Grande Depressão, assentando as bases para a criação do New Deal de Franklin D. Roosevelt, em 1933.


A instabilidade do capitalismo

A palavra "crise" sempre traz apreensão. Em 1929, os países capitalistas enfrentaram a maior crise da sua história. A crise de 1929 foi grave tanto pelos problemas sociais que ela causou quanto pela dimensão mundial que assumiu.

Para entender a natureza dessa crise, devemos perceber que a economia industrial capitalista é composta de várias atividades interdependentes.

Quando a economia de um país se encontra num momento de funcionamento normal, as coisas procedem mais ou menos desta forma: os industriais, para produzir, necessitam comprar matéria-prima e máquinas de outros empresários. A produção de uma fábrica estimula a produção de outras. Os empresários pagam salários aos seus empregados. Estes compram alimentos e produtos industrializados. Com isso, o comércio cresce. Outros setores, como o bancário, de transporte, de diversão e de serviços, também são incentivados pelo aumento da produção e do consumo.

Da mesma maneira que há uma interdependência entre as atividades econômicas de um país, ela existe também entre as economias de vários países. Com a expansão do capitalismo industrial, essa interação passou a ser cada vez maior. Os países importam e exportam. Os capitalistas de um país fazem investimentos em outros países.

Nas fases de expansão, o crescimento econômico atinge vários países. Nas fases de crise, isto é, de recessão, os efeitos negativos também se alastram igualmente.

Assim, por exemplo, se um determinado setor da indústria não conseguir vender a sua produção, é muito provável que ele terá de demitir funcionários e deixar de comprar matéria-prima e equipamentos. A crise se alastrará para esses dois outros setores. Novas demissões serão feitas. Sem emprego, os assalariados diminuirão o consumo. Isso levará a crise para as fazendas, fábricas de bens de consumo e para o comércio. Com as atividades produtivas e comerciais em declínio, os bancos, os setores de diversões e de serviços perderão os seus clientes.

0 resultado desse processo de recessão é triste e doloroso. A maior parte da população sente na pele os efeitos do desequilíbrio econômico.

A história do sistema capitalista tem apresentado fases de expansão seguidas de fases de recessão. Isso mostra que ele não é um sistema estável, mas sempre sujeito a crises cíclicas. 0 próprio processo de expansão cria as condições para a crise, e as medidas para solucioná-la criam as condições para uma nova fase de expansão.

O dólar dominou o mundo


Para muitos países da Europa, a Primeira Guerra Mundial significou morte e destruição. Alguns países chegaram a perder 10% da sua população ativa. Muitos tiveram grande parte do seu parque industrial, rodovias e ferrovias destruída. A inflação alcançava índices elevados. 0 cenário era de desolação. Para os governantes desses países, a tarefa prioritária consistia em recuperar a economia.

Se para os europeus a guerra trouxe enormes prejuízos, para os Estados Unidos resultou em progresso. 0 país, que já vinha se consolidando como uma das mais poderosas nações industriais do mundo, aumentaram ainda mais à distância que o separava das demais nações.

Divisão do trabalho na indústria

A divisão do trabalho é um princípio básico da industrialização. Na divisão do trabalho, cada trabalhador é designado a uma tarefa diferente, ou fase, no processo de fabricação, resultando daí um aumento da produção total. Como mostra a ilustração superior, se uma pessoa realizar as cinco fases na fabricação de um produto, poderá produzir uma unidade ao dia. Cinco trabalhadores, cada um especializado em uma das cinco fases, poderão produzir 10 unidades no mesmo tempo.





Os EUA só entraram na guerra quando faltava um ano para que ela terminasse. Tiveram poucas perdas humanas e, além disso, não houve guerra em seu território. Porém, a vantagem maior dos EUA foi ter fornecido matérias-primas, alimentos e armas, momentos para os vencedores impulsionando a sua economia.

Na década de 1920, a economia americana estava em plena expansão. Cidades cresciam por todo o território americano. 0 carro-chefe do crescimento industrial eram as fabrica de automóveis. A Ford e a General Motors fabricavam mais de 1 milhão de carros por ano. Isso estimula o crescimento de siderúrgicas, metalúrgicas, fábricas de pneus, vidros e estofamentos.

0 sistema de linha de montagem multiplicava rapidamente a produção. Nesse sistema, um operário especializava-se em executar apenas uma tarefa. 0 carro resultava, então, do trabalho combinado de centenas de operários.

A produção em massa na indústria americana abrangeu também novos produtos, que, aos poucos, foram ganhando destaque na vida moderna. Na década de 1920, milhões de geladeiras, fogões, rádios e gramofones saíam das linhas de montagem. Esses produtos já existiam anteriormente, mas, com a massificação, ficaram ao alcance das famílias de classe média.

Os produtos industriais americanos eram exportados para a Europa e para o resto do mundo. Ao mesmo tempo, seus produtos culturais conquistavam amplos espaços. A música americana, especialmente o jazz, era admirada por um público cada vez maior. Astros e estrelas do cinema americano, ainda mudo, faziam bater mais rápido o coração dos fãs. As comédias de Carlitos causavam explosões de gargalhadas e, ao mesmo tempo, ajudavam a refletir sobre a sociedade moderna.


Count Basie
Nas décadas de 1930 e 1950, quando as big bands estavam no auge da popularidade, o pianista Count Basie criou um estilo com raízes no blues e no jazz em Nova Orléans. Sua obra One o'clock jump é uma homenagem às longas noites que passava com seu grupo.




As danças americanas, como o charleston, tomavam conta dos salões. Lentamente, o modo americano de vida ia sendo difundido.

Os Estados Unidos, na década de 1920, nadavam num mar de prosperidade. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, na Europa, a reconstrução caminhava a duras penas.

Os europeus necessitavam de dinheiro para recuperar a economia do continente. Uma grande parte dos recursos veio sob a forma de empréstimos dos Estados Unidos. Aumentava, assim, a interdependência entre a economia européia e a americana.

A prosperidade trouxe a crise

A saúde do capitalismo, em nível mundial, dependia da economia dos Estados Unidos. Entretanto, a prosperidade americana apresentava pontos fracos. Um deles era a enorme concentração da renda. Durante a década de 1920, a prosperidade fez os ricos ficar mais ricos e os pobres, mais pobres. A renda se concentrou nas mãos dos grandes industriais, banqueiros e negociantes.

A economia era controlada pelas grandes empresas. Elas elevavam artificialmente os preços e rebaixavam os salários.

Para os capitalistas, isso era bom, mas para a economia isso era ruim, pois a capacidade de consumo da população, e, conseqüentemente, a possibilidade de venda dos empresários, diminuía.

No campo, a situação também não estava boa. A mecanização das fazendas e a ampliação das terras cultivadas provocaram uma superprodução, fazendo o preço dos produtos agrícolas despencar. A cada ano, crescia o número de agricultores endividados junto aos bancos. Esses agricultores passaram a comprar menos produtos industriais.

Apesar dessa gradativa redução interna do consumo, a euforia no mundo dos negócios era imensa, pois as exportações para a Europa e para a América do Sul garantiam a expansão das vendas.

A idéia de fazer fortuna rapidamente passou a ser o principal objetivo de muitos americanos. A Bolsa de Valores parecia ser o caminho mais curto para o enriquecimento.

Normalmente, quando um empresário quer ampliar o seu negócio, ele recorre a um empréstimo bancário ou à venda de ações da sua empresa na Bolsa de Valores. As pessoas compram essas ações porque acreditam que a empresa dará lucro.

E, se isso vier a acontecer, o lucro será dividido proporcionalmente entre os acionistas. Diariamente, as ações são negociadas segundo as expectativas de lucro dos investidores. Se a expectativa é de alta, as ações sobem. Caso contrário, caem.
Contudo, há momentos em que o preço das ações pode subir artificialmente, isto é, acima das possibilidades reais de lucro. Nos últimos anos da década de 1920, era 'isso que estava ocorrendo nos EUA. Alguns empresários, aproveitando-se da euforia econômica e do desejo de lucro imediato, lançavam no mercado um número cada vez maior de ações. Assim, foram construindo um castelo de areia, que só se manteria de pé se o público continuasse a investir em ações e a confiar no mercado.

No verão de 1929, a Bolsa de Nova York operava em ritmo frenético. Embora se percebesse a gravidade da situação, nenhuma atitude era tomada. Essa omissão se explica pelo fato de que, nessa época, nos EUA, predominavam as idéias do liberalismo econômico. Segundo elas, o governo jamais deveria intervir nas atividades econômicas, pois o próprio mercado se encarregaria de encontrar a melhor solução.

A prosperidade norte-americana estava assentada em bases precárias. Um abalo levou-a ao chão.

O dia em que o Bolso quebrou

0 crescimento da economia americana revelou os seus problemas. No segundo semestre de 1929, eles já estavam bastante visíveis. A produção das fábricas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A concentração de renda na sociedade americana, entre outros efeitos, diminuía o consumo. As indústrias européias voltavam a produzir num ritmo acelerado. Conseqüentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos. Delineou-se, assim, um processo de superprodução, provocando a queda dos preços e do lucro empresarial.

0 efeito disso sobre as cotações das ações na Bolsa de Valores foi catastrófico. No dia 29 de outubro de 1929, o rosto dos corretores e dos investidores revelava o desespero da situação. Com os lucros em queda livre, a cotação das ações despencou vertiginosamente. Milhões de pessoas, que acalentavam o sonho de se tornar milionárias, ficaram na miséria do dia para a noite. A economia americana entrava em um processo acelerado de desorganização.

Todos passaram a ter medo de investir. Os empresários evitavam até mesmo aplicar mais dinheiro nas suas fábricas. Milhares delas fechara.m as portas e despediram os empregados. 0 desemprego atingiu milhões de trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. 0 mercado se restringiu. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o setor de serviços, se alastrando por toda a economia.

Os agricultores chegaram a queimar a produção, a pois os preços dos produtos a não compensavam o custo do transporte, A falta de abastecimento levou a fome para cidades americanas. As filas para conseguir comida, distribuída gratuitamente pelo governo, tornaram-se comuns nos grandes centros. A economia americana mergulhou na recessão.
A crise se espalhou pelo mundo capitalista

Em virtude da enorme importância da economia americana na economia mundial, a crise logo atingiu outros países. Rapidamente, os empréstimos e investimentos americanos foram retirados do continente europeu. Para a Europa, nada poderia ser pior. Na Áustria, o principal banco faliu. Na Alemanha, o povo, com medo da inflação, correu aos bancos para retirar dinheiro e estocar mercadorias em casa. Isso abalou as finanças e colocou por terra os esforços que vinham sendo feitos para reerguer a economia alemã, tão prejudicada pela Primeira Guerra.

A saída, americano para a crise

A recuperação das economias capitalistas se deu em ritmos diferentes. Até então, as crises do capitalismo tinham sido resolvidas com a conquista de novos mercados em regiões distantes. Entretanto, agora, com o mundo já dividido e com a criação de numerosos países, isso se tornava perigoso. As chances de conflito eram grandes. Assim, a solução teria de vir de uma reorganização econômica interna de cada país.
A recuperação americana é um bom exemplo de como Isso se deu. Com algumas diferenças, as medidas adotadas nesse país foram as mas utilizadas em outras nações capitalistas.
A crise de 1929 teve efeitos de   vazadores sobre a sociedade americana. Quinze milhões de desempregados, fábricas fechadas, agricultores vendo as suas propriedades tomadas pelos banqueiros, greves e revoltas agitando o país. A América estava à beira de uma revolução social. 0 povo culpava o presidente pela crise. Assim, nas eleições de 1932, votou no candidato da oposição, o representante do Partido Democrata, Franklin Roosevelt. Ele prometeu fazer a  economia voltar a crescer. Seu programa ficou conhecido como New Deal. Esse programa implicou uma maior intervenção do Estado na economia. Foram criadas agências governamentais para administrar as inúmeras obras públicas, destinadas a reerguer a economia. Para dar emprego a milhões de desempregados, o governo mandou construir estradas, barragens, usinas hidrelétricas, reflorestar florestas etc. Com isso, esses homens, agora empregados, voltam a consumir. As indústrias, o comércio e os bancos retomaram lentamente suas atividades.

A agricultura foi beneficiada com muitos créditos e energia barata. Além disso, o governo implementou obras em áreas até então inaproveitadas. Com a ampliação do mercado consumidor nas cidades e com a reorganização dos transportes e da economia, os agricultores se sentiram novamente estimulados a plantar. As cidades voltavam a ser abastecidas regularmente.

A situação dos pobres melhorou. Estabeleceu-se o salário desemprego e um salário mínimo para os trabalhadores. Garantiu-se aos operários o direito de ter seus sindicatos e de lutar por melhores salários.

Os resultados dessas medidas foram bastante satisfatórios. Tanto que, em 1936, os indicadores econômicos mostravam que a recessão já tinha passado. A expansão se dava lentamente. De qualquer forma, os tempos de crise profunda tinham ficado para trás. 





IMPÉRIO  BIZANTINO

 
O IMPÉRIO BIZANTINO
Vimos que a crise do século III abalou seriamente as estruturas do Império Romano, promovendo seu inevitável declínio. Todavia, cada uma das partes em que se achava dividido o Império reagiu de maneira diferente ao abalo, em função das características socioeconômicas e políticas predominantes. Dessa forma, enquanto a parte ocidental do Império sucumbiu à onda de invasões germânicas, o lado oriental, cuja capital era Constantinopla, sobreviveu por mais mil anos com o nome de Império Bizantino.
Ao contrário do que se verificava na parte ocidental do Império a partir do século III, o Império Romano do Oriente apresentava uma economia dinâmica, um poder fortemente centralizado nas mãos de um monarca e (tido e cultuado como um deus) um exército organizado. Graças a essas características, a sobrevivência de Constantinopla foi garantida quando ocorreram as invasões germânicas sobre o território imperial.

Império Bizantino

A cidade de Constantinopla, antiga colônia grega de Bizâncio, tornou-se capital do Império Romano, depois de remodelada por Constantino, em 330 d.C. Tendo uma privilegiada localização geográfica - rota de passagem entre Oriente e Ocidente -, desenvolvia intensos contatos comerciais com as regiões próximas, além de próspera atividade agrícola, garantindo-lhe solidez econômica.

Por outro lado, o poder do Estado estava centralizado nas mãos do Imperador, que comandava o exército e a Igreja, sendo considerado um representante de Deus na Terra (teocracia). Além do poderoso exército, o imperador contava com uma eficiente burocracia que fazia suas ordens serem respeitadas, além de cobrar os tributos, em todas as regiões do Império.

O apogeu da civilização bizantina foi verificado durante o reinado de Justiniano

O GOVERNO DE JUSTINIANO (527 - 565)

Justiniano governou Bizâncio entre 527 e 565, período de apogeu, como dissemos, da civilização bizantina. Em seu governo, Justiniano expandiu as fronteiras do Império, retomando, inclusive, diversos territórios conquistados pelos bárbaros no século anterior, como o norte da África, a Península Itálica e o sul da Península Ibérica. Procurava, assim, reconstituir os limites do antigo Império Romano, sonho que não chegou a concretizar.

Justiniano e sua corte

Outra importante realização de Justiniano foi a compilação, sob sua iniciativa, do Direito Romano, numa obra conhecida como Código de Direito Civil (Corpus Juris Civilis) ou Código de Justiniano. A obra se achava dividida nas seguintes partes:

Código: conjunto de leis romanas desde o século II;
Digesto: comentários dos grandes juristas sobre essas leis;
Institutas: princípios fundamentais do Direito romano;
Novelas: novas leis do período de Justiniano.
A legislação romana compilada por Justiniano serviu, durante séculos, de base aos códigos civis. Nela os poderes absolutos do imperador eram garantidos, proteção aos privilégios da Igreja e dos proprietários de terras, além da exclusão da vida política das massas populares. Essa situação, aliada ao excesso de tributação, por vezes, gerou sérias tensões sociais que culminaram em rebeliões como a de Nika, em 532.

No âmbito cultural, Justiniano mandou ainda construir a Igreja de Santa Sofia, uma das maiores expressões da arte bizantina. Vale destacar também que Bizâncio converteu-se, até por acolher artistas e intelectuais romanos fugidos das invasões germânicas, em depositário da cultura clássica greco-romana. Enquanto na Europa Ocidental, a grandiosa produção cultural clássica sucumbia aos invasores bárbaros, no Oriente ela foi cuidadosamente preservada, servindo de inspiração posterior para os artistas e pensadores do Renascimento.
Império Bizantino

DISPUTAS RELIGIOSAS

Desde que Teodósio reconheceu o cristianismo como religião oficial do Império Romano, a parte oriental também se integrou à nova religião. Todavia, no Oriente, o cristianismo adquiriu características próprias, distanciando-se aos poucos do cristianismo predominante na Europa ocidental. Cedo, esse distanciamento provocou dissidências religiosas que ficaram conhecidas como heresias - movimentos que questionavam certos dogmas da Igreja Cristã - como os monofisistas e os iconoclastas.

"Muito mais sério, porém, para os destinos do Império Bizantino e suas relações com o Papado foi o movimento iconoclasta. Este representou a negação da validade dos ícones, imagens pintadas ou esculpidas de Cristo, da Virgem e dos santos. Na verdade, mais do que simples imagens, os ícones são ‘uma revelação da eternidade no tempo’, a comprovação da própria Encarnação, a lembrança de que Deus tinha-se revelado ao homem e por isso é possível representá-lo de forma visível. Em 726, contudo o imperador Leão III, motivado por razões religiosas e políticas, decretou que a adoração de imagens era idolatria e desencadeou por todo o império uma sistemática destruição dos ícones. Por um lado, isso expressava o pensamento de uma corrente que achava incompatível a essência espiritualizada do cristianismo conviver com a materialização de personagens sagradas em pedaços de pano ou madeira.
Por outro, demonstrava um certo descontentamento imperial com o crescente prestígio e riqueza dos mosteiros, principais possuidores e fabricantes de ícones. Esse poder de atração que fazia jovens vestirem o hábito monástico tirava do Estado soldados, marinheiros, camponeses e pagadores de impostos. Assim, a sinceridade das intenções religiosas de Leão III era reforçada pelo interesse imperial em limitar um poder monástico perigosamente crescente. Contudo, a espiritualidade popular, profundamente crente no valor religioso dos ícones e na sua capacidade de realizar milagres, reagiu violentamente à determinação imperial. Quando a imagem de Cristo existente no portão do Palácio Imperial foi destruída, o funcionário encarregado da tarefa foi linchado pela população enfurecida. Mas a iconoclastia podia contar com o exército, em sua maior parte formado por elementos originários da Ásia Menor (como Leão III), onde o rigorismo e o puritanismo religioso eram maiores...”

Império Bizantino

Há que se mencionar também as divergências existentes entre o Imperador e o Papa de Roma, uma ameaça constante aos desejos de poder absoluto do soberano de Bizâncio. Simultaneamente, a constante intervenção do poder temporal do imperador bizantino nos assuntos espirituais (Cesaropapismo), descontentava o pontífice. O aprofundamento dessas divergências provocou, em 1054, o rompimento da unidade cristã, episódio conhecido como Cisma do Oriente, do qual surgiram duas instituições: a Igreja Cristã Ortodoxa Grega, subordinada ao imperador bizantino, e a Igreja Católica Apostólica Romana, dirigida pelo Papa.

O FIM DO IMPÉRIO

Após a morte de Justiniano, o Império Bizantino entrou em franco declínio devido à perda de territórios, motivada pela expansão árabe iniciada nos séculos VII e VIII. A decadência também foi causada pela rivalidade econômica das cidades italianas de Gênova e Veneza que fizeram de Constantinopla um mero entreposto de comércio com o Oriente. Por último, o Império caiu vitimado por um cerco promovido pelos turcos otomanos que tinham Constantinopla como um ponto estratégico de economia e política.

Em 1453, os turcos otomanos tomaram a cidade, depois de muita resistência da população, dificultando, assim, o acesso dos europeus às mercadorias orientais que por ali passavam. Com isso, os europeus foram obrigados a buscar um novo caminho de acesso ao Oriente, gerando o ciclo das Grandes Navegações, marco inaugural da Idade Moderna. Mas essa é outra história.