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terça-feira, 13 de agosto de 2013

ESTUDO DIRECIONADO SOBRE A REVOLUÇÃO FRANCESA

A REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa

Introdução:
A Revolução Francesa foi o acontecimento mais importante da Era Moderna. Por isso ela marca o início da Época Contemporânea.
Para muitos historiadores a Revolução Francesa faz parte de um movimento revolucionário global — atlântico ou ocidental — que começou nos Estados Unidos em 1776, atingiu a Inglaterra, a Irlanda, a Holanda, a Bélgica, a Itália, a Alemanha, a Suíça e culminou na França, em 1789, onde adquiriu um caráter mais violento. Da França o movimento revolucionário continuou a repercutir em outros países europeus, voltando à própria França, em 1830 e 1848.
Apesar de alguns traços comuns a todos esses movimentos, a Revolução Francesa teve um sentido próprio, uma especificidade, que se manifestou na tomada do poder pela burguesia, na participação ativa dos camponeses e artesãos, na superação das instituições feudais do Antigo Regime e na preparação da França para a caminhada em direção ao capitalismo industrial.

Fatores da Revolução


A França nos fins do século XVIII era ainda um país agrário. A introdução de novas técnicas de cultivo e de novos produtos permitiu a melhoria da alimentação e, com isso, o aumento da população. A industrialização incipiente nos grandes centros urbanos, com Pais, já era suficiente para reduzir o preço de alguns produtos, estimulando o consumo.
O desenvolvimento econômico fortaleceu a burguesia, que passou a aspirar ao poder político e a discutir os privilégios da nobreza. Os camponeses possuidores de terras queriam, por sua vez, libertar-se das obrigações feudais que deviam aos senhores.
A França tinha nessa época aproximadamente 25 milhões de habitantes, sendo que mais de 20 milhões viviam na zona rural. Essa população formava uma sociedade de estamentos — resquício da Idade Média —, mas já se percebia nela uma divisão de classes. O clero era composto por cerca de 120 mil religiosos, divididos em alto clero, bispos e abades que estavam ao nível da nobreza, e baixo clero, padres e vigários de baixa condição econômica e social; o conjunto do clero constituía o Primeiro Estado. A nobreza — o Segundo Estado — era formada de 350 mil membros; a nobreza palaciana vivia das pensões reais, usufruindo dos cargos públicos; a nobreza provincial vivia no campo, em situação de penúria econômica. Havia ainda a chamada nobreza de toga, constituída por elementos oriundos da burguesia, que compravam seus cargos políticos e administrativos.
 O Terceiro Estado representava o restante da população, cerca de 98%: a alta burguesia composta por banqueiros, financistas e grandes empresários; a média burguesia formada pelos profissionais liberais — médicos, dentistas, professores, advogados etc.; a pequena burguesia, os artesãos, os lojistas e o povo os sans-culottes, camada social heterogênea de artesãos, aprendizes e proletários. As classes populares rurais, que chegavam a 20 milhões, destacando-se os servos ainda em condição feudal ( uns 4 milhões) e os camponeses livres e semi-livres completavam o Terceiro Estado.
Sobre a massa da população, o Terceiro Estado, pesava o ônus dos impostos e das contribuições para o rei, para o clero e nobreza. As outras duas ordens, as privilegiadas, tenham isenção tributária: não pagavam impostos e usufruíam das vantagens concedidas pela monarquia sob a forma de pensões e cargos públicos. A principal reivindicação do Terceiro Estado era a abolição desses privilégios e a instauração da igualdade civil.
No plano político, a revolução resultou do absolutismo monárquico e das injustiças decorrentes. O rei monopolizava a administração , concedia privilégios, esbanjava com o luxo da corte, controlava os tribunais e condenava à famigerada Bastilha, sem julgamento, através das Lettres de Cachet. Era incapaz de bem dirigir a economia do Estado, constituía-se num entrave para o desenvolvimento do capitalismo na França.
A arrecadação de impostos era precária. O Estado não tinha uma máquina administrativa para cobrar os impostos — a cobrança de impostos era feita por arrecadadores particulares, que se aproveitavam ao máximo, espoliando o Terceiro Estado. Como os gastos eram excessivos, os déficits orçamentários se avolumavam. Na época da revolução, a dívida externa da França chegava a 5 bilhões de libras, enquanto todo seu meio circulante não passava de 2,5 bilhões.
 Essa situação foi denunciada pelos filósofos iluministas. Seus livros eram cada vez mais lidos: formavam-se clubes para sua leitura. A burguesia cada vez mais tomava consciência dos seus problemas e dos seus direitos, e procurava conscientizar a massa para obter os seu apoio.
Existiam todas as condições necessárias para precipitar uma revolução. Faltava apenas o momento oportuno, uma conjuntura favorável.

A Revolta Aristocrática


A indústria na França sofreu séria crise a partir de 1786, quando foi feito um tratado comercial com a Inglaterra, pelo qual os produtos agrícolas franceses tinham plena liberdade na Inglaterra em troca da penetração dos produtos industriais ingleses na França. A incipiente indústria francesa não teve condições de aguentar a concorrência, entrando em crise.

Luís XVI


A grande seca do ano de 1788 diminuiu a produção de alimentos: os preços subiram violentamente e os camponeses começaram a passar fome. Na cidade a miséria não era menor. A situação do tesouro, que já não era favorável, tornou-se ainda pior depois que a França apoiou a Independência dos Estados Unidos, gastando, na aventura, 2 bilhões de libras.
O descontentamento era geral. Urgia a necessidade de reformas que saneassem o caos econômico. Luís XVI incumbiu o Ministro Turgot de realizar reformas tributárias, mas a oposição dos nobres foi muito grande e ele teve de demitir-se.
O rei então indicou Calonne para o Ministério, que imediatamente convocou uma reunião dos nobres e clérigos: a Assembléia dos Notáveis (1787). O ministro propôs que esses dois Estados abdicassem dos seus privilégios tributários, pagando impostos para tirar o Estado da falência financeira. Os nobres recusaram-se a aceitar estas medidas, além de provocarem revoltas de protesto nas províncias em que seu poder era mais forte.
O novo ministro, Necker, com a conivência dos nobres, convenceu o rei a convocar a Assembléia dos Estados Gerais, que não se reuniam desde 1614. O que se pretendia é que o Terceiro Estado pagasse os impostos que o clero e os nobres não queriam pagar. As eleições foram realizadas em abril de 1789, coincidindo com as revoltas geradas pela péssima colheita desse ano. Em Paris, os panfletos dos candidatos atacavam os erros do Antigo Regime e agitavam a massa urbana, os sans-culottes, cerca de 200mil numa população de 600 mil habitantes.
O Terceiro Estado desejava um número igual de deputados, alegando que representava a maioria da população. Em maio de 1789 os Estados Gerais reuniram-se pela primeira vez no Palácio de Versalhes. Os deputados do Terceiro Estado foram informados de que a votação dos projetos seria feita em separado, por Estado. Isto garantia a vitória do clero e nobreza que votariam juntos. O Terceiro Estado negou-se a aceitar esta condição: ele tinha 578 deputados, a nobreza 270 e o clero 291. Como 90 deputados da nobreza e 200 do clero apoiassem o Terceiro Estado, este teria maioria absoluta desde que a votação fosse individual.

A Revolução Burguesa


Reunindo-se em separado, a 17 de junho de 1789, o Terceiro Estado se considera Assembleia Nacional. O Rei XVI, pretextando uma reforma na sala de reuniões, dispersou a Assembleia. Reuniram-se então os deputados do Terceiro Estado na sala do Jogo da Péla, recebendo a adesão de parte do clero e dos nobres influenciados pelo Iluminismo. O
Rei não teve outra alternativa senão aceitar a situação de fato, dando validade à Assembleia Nacional, após uma frustrada tentativa de fechamento da Assembleia, a 23 de junho.
No dia 9 de julho de 1789 deu-se a proclamação da Assembleia jurado que somente se dispersariam após terem dado uma Constituição à França .Luís XVI procurava ganhar tempo, enquanto reunia tropas para conter o movimento revolucionário. Com a demissão do ministro Necker, a 12 de julho, a tensão aumentou. A 13 de julho formou-se a “milícia de Paris”, organização militar-popular. Armas foram armazenadas e barricadas preparadas. A 14 de julho, o povo tomou a Bastilha, fortaleza onde o rei encarcerava seus inimigos políticos. A explosão revolucionária em Paris alastrou-se por todo o país.No campo, a revolução adquiriu maior violência: os camponeses, procurando destruir o jugo feudal, saquearam propriedades de nobres, invadiram cartórios e queimaram títulos de propriedade feudal.
Para conter o movimento que se alastrava cada vez mais , os deputados da Assembléia Constituinte, em reunião do dia 4 até o dia 26 de agosto, aprovaram a abolição dos direitos feudais: os direitos devidos pelos camponeses ao rei e à Igreja foram suprimidos; os direitos devidos aos nobres deveriam ser resgatados monetariamente, em prazo e condições que deveriam ser resgatados monetariamente, em prazo e condições que deveriam ser estabelecidos posteriormente.
A 26 de agosto, foi aprovada a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. De inspiração iluminista, o documento defendia o direito à liberdade, à igualdade perante a lei, à inviolabilidade da propriedade e o direito de resistir à opressão.
Como o rei se recusou a aprovar essa declaração da Assembleia, a massa parisiense revoltou-se novamente. Foram as jornadas de outubro: o Palácio de Versalhes foi invadido e o rei obrigado a morar em Paris, no Palácio de Tulherias.
No ano de 1790 foi aprovada a Constituição Civil do Clero, a qual estabelecia que os bens eclesiásticos seriam confiscados para servir de lastro à emissão dos assignats (Bônus do Estado), os padres passariam a ser funcionários civis do Estado. Muitos padres aceitaram a nova lei e prestaram juramento e fidelidade à revolução, desobedecendo à orientação do papa que já se manifestara contra a revolução. Outros, fiéis ao papa, reagiram e foram denominados refratários. Grande número deles emigraram e deram início às agitações contra-revolucionárias nas províncias.

A monarquia Constitucional

Robespierr


Em 1791 ficou pronta a Constituição. O poder executivo caberia ao rei e o legislativo à Assembléia, que funcionaria regularmente. O trono continuaria hereditário e os deputados teriam mandato por dois anos. Só seriam eleitores os que tivessem um mínimo de riqueza, segundo um critério censitário. O feudalismo foi abolido, suprimindo-se as antigas ordens sociais e os privilégios, com a proclamação da igualdade civil.
A escravidão continuou mantida nas colônias, a administração dos bens eclesiásticos e a Constituição Civil do Clero.
O Rei Luís XVI que conspirava contra a revolução, mantendo contatos com outros soberanos absolutos da Europa, principalmente da Áustria, julgou que era o momento oportuno para fugir da França e começar do Exterior, com apoio estrangeiro e dos emigrados, a contra-revolução. O rei fugiu do Palácio das Tulherias, em julho de 1791, mas foi reconhecido e preso em Varennes. A suspeita de traição real foi confirmada pela fuga, e o rei recambiado ao palácio e mantido sob vigilância.
O êxito da revolução na França estimulou outros movimentos revolucionários na Holanda, Bélgica e Suíça. Na Itália, Inglaterra, Irlanda, Alemanha e Áustria, simpatizantes organizaram demonstrações de apoio. Os déspotas esclarecidos, alarmados, abandonaram seus programas de reformas, reaproximando-se da aristocracia. Escritores reacionários defendiam a ideia de uma contra revolução para restaurar a monarquia absoluta na França. Muitos franceses — nobres, clérigos e alta burguesia — abandonaram o país, esperando obter auxílio das potências europeias. Estas, a princípio, mantiveram-se indiferentes, mas quando perceberam que as ideias revolucionárias ameaçavam abalar o absolutismo em toda a Europa, uniram-se para evitar a difusão do movimento. A ameaça de invasão da França aumentou, o que tornou inevitável a radicalização interna da revolução.
A composição político-partidária na França naquele momento era a seguinte: cordeliers era o partido independente; os feuillants que eram dirigidos por La Fayette; os girondinos — representantes da alta burguesia — procuravam defender as posições conquistadas mas evitavam a ascensão da massa; os jacobinos, o partido mais radical, liderado por Robespierre, representavam a média e a pequena burguesia, com tendência para a esquerda e procurando o apoio dos sans-culottes.
Os girondinos tinham maioria e o apoio do próprio rei, que neles confiava para conter os avanços da revolução. Graças a esse fato, o rei conseguiu maioria na Assembléia para vetar o projeto que deportava os padres refratários e convocava o exército para fazer frente aos inimigos da revolução, cuja atividade aumentava fora da França.
Finalmente, os inimigos da revolução, representados pelo exército austro-prussiano e o exército dos emigrados, comandados pelo duque prussiano Brunwick e apoiados secretamente pelo rei Luís XVI, invadiram a França. Quando a invasão estrangeira começou, radicalizou-se a posição contra os nobres, considerados traidores. A massa parisiense que ganhava cada vez maior importância política, apoiando os jacobinos e liderada por Danton e Marat, atacou os aristocratas nas prisões. Foi o massacre de setembro. Medidas de caráter excepcional foram tomadas para conter a invasão; o exército nacional foi convocado, com apresentação obrigatória de todos os homens válidos.
A 20 de setembro de 1792, o exército austro-prussiano foi batido em Valmy. Na mesma noite, em Paris, foi proclamada a República. O rei foi considerado prisioneiro e suspeito de traição, devendo ser julgado.

A Convenção

Jean Paul Marat

Com a proclamação da República uma nova assembleia foi formada. Chamou-se Convenção e deveria preparar uma nova Constituição. Os girondinos, que na antiga assembléia eram a força política maior, foram superados pelos jacobinos, que tinham entre eles os montanheses, grupo mais radical. Os jacobinos eram liderados por Robespierre e Saint-Just.
O julgamento do Rei Luís XVI abalou toda a opinião pública européia. Os girondinos procuraram defendê-lo, querendo com isso evitar uma solução extrema, vinda da camada popular da revolução. Saint-Just e Robespierre defenderam a condenação do rei, que acabou sendo guilhotinado a 21 de janeiro de 1793.
O primeiro ano da República, 1793, foi chamado ano I, no novo calendário que foi feito. Uma nova representação tomou posse nesse ano, eleita mediante sufrágio universal masculino, o que acentuou seu caráter popular: foram vitoriosos na eleição os jacobinos e a Montanha. Pela nova constituição, os 750 deputados eleitos escolheriam a mesa dirigente, que teria funções executivas.
Na Europa foi feita a primeira coligação de forças absolutistas contra a França, integrada pela Inglaterra, Holanda, Santo Império. Para enfrentar a situação, a Convenção organizou uma série de instituições: o Comitê de Salvação Pública, encarregado do controle do exército; Comitê de Segurança Nacional, que garantiria a segurança interna; Tribunal Revolucionário, encarregado do julgamento dos contra-revolucionários.
Os principais comitês eram controlados pelos jacobinos, que dominavam a Convenção, começando então o processo de expurgo dos adversários políticos. Os girondinos foram acusados de partidários do rei e dos nobres e vários de seus membros foram guilhotinados. Marat, líder jacobino, foi assassinado por Charlotte
Corday. Começava o período do Terror, que se estendeu de junho de 1793 a julho de 1794.
A Montanha, o grupo mais radical, liderado por Robespierre, dirigia a política do Terror. As perseguições aos contra-revolucionários se ampliavam cada vez mais, abrangendo todo o país. Os indulgentes, chefiados por Danton, temiam que a onda de violência pudesse envolvê-los, e por isso protestavam contra as mores e pediam o fim das perseguições. No extremo posto estavam os hebertistas, seguidores de Hébert, que pregavam a ampliação das medidas de violência.Robespierre conduzia o movimento tentando manter-se entre os grupos extremistas da esquerda, mas como a pressão popular fosse muito grande, foi obrigado a fazer inúmeras concessões às massas: os preços foram tabelados, os exploradores perseguidos, os impostos sobre os ricos foram aumentados, pobres, velhos e desamparados foram protegidos por leis especiais, a instrução tornou-se obrigatória, os bens dos nobres e emigrados foram vendidos para cobrir as despesas dos Estado.
Essas leis sociais provocaram ondas contra revolucionárias em toda a França. Para vencê-las foram tomadas medidas drásticas — qualquer suspeito era condenado; o Tribunal Revolucionário aprisionou mais de 300 mil suspeitos, e destes, 17 mil foram condenados à morte, enquanto muitos outros morreram nas prisões esperando julgamento.
O Terror atingiu o auge em 1794, alcançando os próprios membros da Convenção. Robespierre, para continuar no poder tinha que eliminar todas as oposições. Por isso condenou à morte Danton, líder dos indulgentes. O radicalismo dos hebertistas também criava muitos problemas, e por essa razão foram liquidados na guilhotina.
Nessa altura os êxitos militares do exército da revolução diminuíram a tensão interna e a população passou a desejar o afrouxamento da repressão. Os girondinos, que tinham se isolado durante o Terror para salvar suas cabeças, voltaram à carga Robespierre não tinha mais a massa de Paris para apoiá-lo, pois liquidara seus líderes. Em julho de 1794 (9 Termidor pelo novo calendário), Robespierre foi aprisionado juntamente com Saint-Just e, em seguida, foram guilhotinados. A alta burguesia estava voltando ao poder através dos girondinos.

A Reação Burguesa

O poder da Convenção, depois da morte de Robespierre, caiu nas mãos do Pântano — movimento formado por elementos da alta burguesia, de duvidosa moralidade pública e grande oportunismo político. Ligados aos girondinos, instalaram a fase conhecida por Reação Termidoriana.
A lei dos suspeitos foi abolida, os clubes jacobinos foram fechados e preparou-se uma nova Constituição, a Constituição do ano III (1795).
Essa Constituição estabelecia um executivo composto por cinco diretores eleitos pelo legislativo. O legislativo seria composto por deputados eleitos mediante critério censitário, e formaria duas câmaras: o Conselho dos 500 e o Conselho dos Anciãos.
A configuração política da assembléia foi alterada: no centro estavam os girondinos que tinham depostos Robespierre; à direita os realistas, que pregavam a volta dos Bourbons ao poder; à esquerda estavam os jacobinos e socialistas utópicos, que reclamavam medidas de caráter social.
Os diretores equilibravam-se em meio a golpes que se sucediam, tanto da esquerda como da direita. Em 1795, os realistas tentaram dar um golpe que foi abafado por um jovem oficial, Napoleão Bonaparte, que por acaso estava em Paris. Em recompensa, Napoleão recebeu dos diretores o comando do exército na Itália.
Em 1796 estourou a conspiração jacobina do Clube de Atenas, conduzida por Graco Babeuf. No ano seguinte, os realistas voltam à carga, mas foram derrotados pelo General Augereau, enviado de Napoleão, que acabara de assinar uma paz vantajosa com a Áustria (Campo Formio). Em 1798, os jacobinos retomaram a ascensão política, vencendo as eleições. A burguesia francesa estava desejosa de paz. Era necessário um regime de governo forte que reconduzisse a França ao caminho da normalidade. Alguns diretores — Sieyès, Roger Ducos e outros — prepararam o golpe que levaria Napoleão Bonaparte ao poder, realizado a 9 de novembro de 1799 (18 Brumário). Napoleão consolidaria o poder da burguesia no contexto da revolução, evitando as tentativas jacobinas de retomar o poder.
Napoleão Bonaparte

Documento Básico

A crise econômica: A miséria na França às vésperas da revolução.“Tudo conspirava para que o momento atual se torne crítico na França; a todo o momento chegam das províncias notícias sobre rebeliões, desordens e a necessidade de recorrer às tropas para manter a paz (...). Os preços que menciono são os mesmos que encontrei em Amiens e Abbeville: 5 soldos a libra por um pão branco e 3,5 soldos ou 4 pelo pão inferior, que é comido pelos pobres; estes preços ultrapassavam seus recursos, provocando uma grande miséria (...).No dia do mercado assisti à venda do trigo (...). Um grupo de soldados ficara no meio da praça, para impedir qualquer violência. O povo discutia com os padeiros, argumentando que o preço que pediam pelo pão era muito alto em relação ao preço do trigo; das injúrias passou-se à agressão e, neste tumulto, alguns levaram pão e trigo sem pagar nada; isto se deu quando cheguei a Nangia, e também em muitos outros mercados.”
AGothier e Troux
Datas e Fatos Essenciais
1787: Revolta dos Notáveis
1789: Revolta do Terceiro Estado — Tomada da Bastilha
1790: Confisco dos bens do clero.
1791: Constituição que estabeleceu a Monarquia Constitucional.
1791: Tentativa de fuga e prisão do Rei Luís XVI.
1792: Invasão da França pela Áustria e Prússia.
1793: Oficialização da República e morte do Rei Luís XVI — 2ª Constituição.
1793: Terror contra os inimigos da revolução.
1794: Deposição de Robespierre.
1795: Regime do Diretório — 3ª Constituição.

1799: Golpe do 18 Brumário de Napoleão.

terça-feira, 16 de abril de 2013

CAPITALISMO E SUAS IDEOLOGIAS.


Capitalismo
O surgimento dos primeiros comerciantes e artesãos livres nas pequenas cidades medievais foi o germe de uma sociedade nova que, no decorrer de alguns séculos, substituiria o sistema feudal. No capitalismo, as classes não mais se relacionam pelo vínculo da servidão, mas pela posse ou carência de meios de produção e pela contratação livre do trabalho.
Capitalismo é o sistema econômico que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção -- máquinas, matérias-primas, instalações. Nesse sistema, a produção e a distribuição das riquezas são regidas pelo mercado, no qual, em tese, os preços são determinados pelo livre jogo da oferta e da procura. O capitalista, proprietário dos meios de produção, compra a força de trabalho de terceiros para produzir bens que, após serem vendidos, lhe permitem recuperar o capital investido e obter um excedente denominado lucro.
As duas condições essenciais que determinam o modo capitalista de produção são: (1) a existência de capital, conjunto de recursos que se aplica na compra de meios de produção e força de trabalho e (2) existência de trabalhadores livres, que vendam sua força de trabalho em troca de salário. Definem-se assim as duas classes sociais básicas: a dos capitalistas e a dos assalariados.
São chamados capitalistas os países cujo modo de produção dominante é o capitalista. Neles coexistem, no entanto, outros modos de produção e outras classes sociais, além de capitalistas e assalariados, como artesãos e pequenos agricultores. Nos países menos desenvolvidos, parte da atividade econômica assume formas pré-capitalistas, exemplificadas pelo regime da meia ou da terça, pelo qual o proprietário de terras entrega a exploração destas a parceiros em troca de uma parte da colheita.
Outros elementos que caracterizam o capitalismo são a acumulação permanente de capital; a distribuição desigual da riqueza; o papel essencial desempenhado pelo dinheiro e pelos mercados financeiros; a concorrência, embora modificada pela concentração monopolística; a inovação tecnológica ininterrupta e, nas fases mais avançadas de evolução do sistema, o surgimento e expansão das grandes empresas multinacionais. A divisão técnica do trabalho, ou seja, a especialização do trabalhador em tarefas cada vez mais segmentadas no processo produtivo, é também uma característica importante do modo capitalista de produção, uma vez que proporciona aumento de produtividade. Esse aspecto inexiste na produção artesanal, em que o trabalhador participa da produção de um bem do início ao fim do processo produtivo.
Origens do capitalismo. Denominado também economia de mercado ou de livre empresa, o capitalismo deve ser entendido, sobretudo, como modo de produção. Assim, a circulação de mercadorias e de dinheiro não basta para caracterizá-lo: sua origem não se confunde com o início do comércio em larga escala. A classe mercantil afirmou-se na fase de decadência do modo de produção feudal, mas o capitalismo só floresceu quando o modo de produção que o caracteriza tornou-se dominante. Assim, não se pode falar em capitalismo na antiguidade ou na Idade Média, nem em cidades como Gênova, Veneza ou Pisa, que se desenvolveram em função do comércio.
A expansão comercial foi, no entanto, o fator que permitiu a eclosão posterior do capitalismo. O crescimento das cidades, a abertura de novas rotas marítimas, o contato com novos centros populacionais do Oriente, a descoberta de metais preciosos no Novo Mundo e a ampliação do comércio entre as cidades européias provocaram o aumento da demanda além da capacidade de produção artesanal. Criaram-se desse modo as condições para o surgimento da produção industrial.
A expansão do capitalismo comercial, ocorrida entre os séculos XIII e XVIII, promoveu a difusão das idéias mercantilistas, que advogavam a intervenção do estado para promover a prosperidade e o fortalecimento das nações. Como a acumulação de riquezas dependia da exploração e comercialização do ouro e da prata, os países lançaram-se à conquista de novas terras e à ampliação dos mercados. Dessa forma, o espírito do mercantilismo estimulou os sentimentos nacionalistas, provocou o florescimento do comércio e, em conseqüência, criou as condições para a aparição do modo de produção capitalista.
As riquezas acumuladas durante o período mercantilista, que eram empregadas na compra de produtos manufaturados por artesãos independentes, para revenda, ou em empréstimos a juros, passaram a ser usadas para contratar força de trabalho e compra de meios de produção. Deixaram assim de funcionar como capital comercial e capital usurário para assumir a forma de capital industrial.
Evolução histórica. A primeira fase de expansão do capitalismo confunde-se com a revolução industrial, cujo berço foi a Inglaterra, de onde se estendeu aos países da Europa ocidental e, posteriormente, aos Estados Unidos. A evolução do capitalismo industrial foi, em grande parte, conseqüência do desenvolvimento tecnológico. Por imposição do mercado consumidor, os setores de fiação e tecelagem foram os primeiros a usufruir dos benefícios do avanço tecnológico. A indústria manufatureira evoluiu para a produção mecanizada, possibilitando a constituição de grandes empresas, nas quais se implantou o processo de divisão técnica do trabalho e a especialização da mão-de-obra.
Ao mesmo tempo em que se desencadeava o surto industrial, construíram-se as primeiras estradas de ferro, introduziu-se a navegação a vapor, inventou-se o telégrafo e implantaram-se novos progressos na agricultura. Sucederam-se as conquistas tecnológicas: o ferro foi substituído pelo aço na fabricação de diversos produtos e passaram a ser empregadas as ligas metálicas; descobriu-se a eletricidade e o petróleo; foram inventadas as máquinas automáticas; melhoraram os sistemas de transportes e comunicações; surgiu a indústria química; foram introduzidos novos métodos de organização do trabalho e de administração de empresas e aperfeiçoaram-se a técnica contábil, o uso da moeda e do crédito.
Na Inglaterra, Adam Smith e seus seguidores desenvolveram sua teoria liberal sobre o capitalismo. Na França, após a revolução de 1789 e as guerras napoleônicas, passou a predominar a ideologia do laissez-faire, ou do liberalismo econômico, que tinha por fundamentos o livre comércio, a abolição de restrições ao comércio internacional, o livre-câmbio, o padrão-ouro e o equilíbrio orçamentário. O liberalismo se assentava no princípio da livre iniciativa, baseado no pressuposto de que a não regulamentação das atividades individuais no campo socioeconômico produziria os melhores resultados na busca do progresso.
Em pouco tempo, no entanto, o liberalismo econômico mostrou suas primeiras imperfeições: as poderosas organizações econômicas que se instalaram passaram a enfrentar dificuldades para comercializar seus produtos, já que os mercados consumidores não cresciam na mesma proporção que a capacidade produtiva da indústria. A concorrência, por sua vez, levou ao aniquilamento das pequenas empresas e à concentração industrial em trustes e cartéis, que evoluíram para o monopólio.
Os países industrializados lançaram-se então à conquista de mercados externos, apoiados, muitas vezes, numa política de duas faces: a defesa do livre comércio, válido para as colônias e países importadores de produtos industrializados, e o protecionismo, destinado a defender os produtos nacionais da concorrência do competidor externo.
A repartição da África e a divisão do mundo inteiro em esferas de influência dos diferentes países industrializados completaram o quadro da expansão do capitalismo, na fase denominada imperialismo.
Capitalismo no século XX. A partir da primeira guerra mundial, o quadro do capitalismo mundial sofreu importantes alterações: o mercado internacional restringiu-se; a concorrência americana derrotou a posição das organizações econômicas européias e impôs sua hegemonia inclusive no setor bancário; o padrão-ouro foi abandonado em favor de moedas correntes nacionais, notadamente o dólar americano, e o movimento anticolonialista recrudesceu.
Os Estados Unidos, depois de liderarem a economia capitalista mundial até 1929, foram sacudidos por violenta depressão econômica que abalou toda sua estrutura e também a fé na infalibilidade do sistema. A política do liberalismo foi então substituída pelo New Deal: a intervenção do estado foi implantada em muitos setores da atividade econômica, o ideal do equilíbrio orçamentário deu lugar ao princípio do déficit planejado e adotaram-se a previdência e a assistência sociais para atenuar os efeitos das crises. A progressiva intervenção do estado na economia caracterizou o desenvolvimento capitalista a partir da segunda guerra mundial. Assim, foram criadas empresas estatais, implantadas medidas de protecionismo ou restrição na economia interna e no comércio exterior e aumentada a participação do setor público no consumo e nos investimentos nacionais.
A maior parte das antigas colônias tornou-se independente, modificando substancialmente a relação de subordinação econômica às metrópoles. Em muitos setores, a concentração de empresas passou a ser dominante, formando poderosos complexos empresariais, dentro e fora das fronteiras dos países de origem. Surgiram as empresas multinacionais, com participação societária de pessoas ou organizações domiciliadas em diferentes países.
A implantação do modo socialista de produção, a partir de 1917, em um conjunto de países que chegou a abrigar um terço da população da Terra, representou um grande desafio para o sistema de ecocomia de mercado. As grandes nações capitalistas, antes empenhadas em disputas de redivisão do mundo entre si, passaram a ver como inimigo comum o bloco socialista, ampliado a partir da segunda guerra mundial com a instauração de regimes comunistas nos países do leste europeu e com a revolução chinesa. Grande parte dos recursos produtivos foi investida na indústria bélica e na exploração do espaço com fins militares. Essa situação perdurou até a desagregação da União Soviética, em 1991, e o início da marcha em direção à economia de mercado em países como a China.
Além da grande depressão da década de 1930, o capitalismo do século XX passou a manifestar crises que se repetem a intervalos. O período que as separa torna-se progressivamente mais curto. O desemprego, as crises nos balanços de pagamentos, a inflação, a instabilidade do sistema monetário internacional e o aguçamento da concorrência entre os grandes competidores caracterizam as chamadas crises cíclicas do sistema capitalista.
Crítica do capitalismo. A mais rigorosa análise do capitalismo foi feita por Karl Marx, o ideólogo alemão que propôs a alternativa socialista ao sistema. Segundo o marxismo, o capitalismo encerra uma contradição fundamental entre o caráter social da produção e o caráter privado da apropriação, que conduz a um antagonismo irredutível entre as duas classes principais da sociedade capitalista: a burguesia e o proletariado.
O caráter social da produção se expressa pela divisão técnica do trabalho, organização metódica existente no interior de cada empresa, que impõe aos trabalhadores uma atuação solidária e coordenada. Apesar dessas características da produção, os meios de produção constituem propriedade privada do capitalista. O produto do trabalho social, portanto, se incorpora a essa propriedade privada. Segundo o marxismo, o que cria valor é a parte do capital investida em força de trabalho, isto é, o capital variável. A diferença entre o capital investido na produção e o valor de venda dos produtos, a mais-valia, apropriada pelo capitalista, não é outra coisa além de valor criado pelo trabalho.
A essa contradição fundamental se acrescentam outras, como o caráter anárquico da produção. O dono dos meios de produção é livre para empregar seu capital no setor produtivo que mais lhe convier. Assim, a produção não atende às necessidades sociais, mas ao interesse do capitalista em auferir o maior lucro. As crises de superprodução do sistema, em que uma grande quantidade de produtos não encontra compradores no mercado, ilustram a anarquia da produção.
O sistema capitalista tampouco garante meios de subsistência a todos os membros da sociedade. Pelo contrário, é condição do sistema a existência de uma massa de trabalhadores desempregados, que Marx chamou de exército industrial de reserva, cuja função é controlar, pela própria disponibilidade, as reivindicações operárias. O conceito de exército industrial de reserva derruba, segundo os marxistas, os mitos liberais da liberdade de trabalho e do ideal do pleno emprego.
A fase imperialista do capitalismo foi descrita por teóricos posteriores a Marx, principalmente por Lenin. Sua característica mais importante para a sobrevivência do capitalismo nas metrópoles é a exportação das contradições inerentes ao sistema para a periferia subdesenvolvida, onde os capitais estrangeiros encontram mão-de-obra abundante e barata, níveis de sindicalização e organização operárias incipientes, facilidades fiscais e conivência de governos de força pró-imperialistas, além de mercado para produtos obsoletos.
Depois de setenta anos de vigência, em que enfrentaram guerras na disputa de áreas estratégicas de influência e dificuldades internas decorrentes, principalmente, da instalação de burocracias autoritárias no poder, os regimes socialistas não tinham conseguido estabelecer a sociedade justa e de bem-estar que pretendiam seus primeiros ideólogos. A União Soviética, maior potência militar do planeta, exauriu seus recursos na corrida armamentista, mergulhou num irrecuperável atraso tecnológico e finalmente se dissolveu, na última década do século XX. A Iugoslávia socialista se fragmentou em sangrentas lutas étnicas e a China abriu-se, cautelosa e progressivamente, para a economia de mercado.
O capitalismo, no entanto, apesar do caráter efêmero que para ele previam seus críticos, mostrou uma notável capacidade de adaptação a novas circunstâncias, fossem elas decorrentes do progresso tecnológico, da existência de modelos econômicos alternativos ou da crescente complexidade das relações internacionais. A progressiva ingerência de organismos de planejamento e ajuste, como a união econômica e política da Europa ensaiada no final do século XX, não conseguiu, no entanto, integrar ao quadro do desenvolvimento econômico a maior parte dos países da África, da Ásia e da América Latina.

A CRISE DE 1929


Crise de 1929, queda do índice geral da bolsa de Nova York em 1929. Em 1927, após um período de fortes investimentos no estrangeiro e com uma economia crescente, os financistas norte-americanos que operavam em Wall Street centraram-se no mercado interno. Quanto mais compravam, maior era a subida dos preços, o que atraía mais investimentos. Em 24 de outubro de 1929, conhecido como “quinta-feira negra”, iniciou-se um forte movimento vendedor, que produziu o colapso das cotações na referida bolsa. Embora muitos analistas pensassem, no princípio, que se tratava de um ajuste passageiro do mercado, o crack de Wall Street marcou o início da Grande Depressão, assentando as bases para a criação do New Deal de Franklin D. Roosevelt, em 1933.


A instabilidade do capitalismo

A palavra "crise" sempre traz apreensão. Em 1929, os países capitalistas enfrentaram a maior crise da sua história. A crise de 1929 foi grave tanto pelos problemas sociais que ela causou quanto pela dimensão mundial que assumiu.

Para entender a natureza dessa crise, devemos perceber que a economia industrial capitalista é composta de várias atividades interdependentes.

Quando a economia de um país se encontra num momento de funcionamento normal, as coisas procedem mais ou menos desta forma: os industriais, para produzir, necessitam comprar matéria-prima e máquinas de outros empresários. A produção de uma fábrica estimula a produção de outras. Os empresários pagam salários aos seus empregados. Estes compram alimentos e produtos industrializados. Com isso, o comércio cresce. Outros setores, como o bancário, de transporte, de diversão e de serviços, também são incentivados pelo aumento da produção e do consumo.

Da mesma maneira que há uma interdependência entre as atividades econômicas de um país, ela existe também entre as economias de vários países. Com a expansão do capitalismo industrial, essa interação passou a ser cada vez maior. Os países importam e exportam. Os capitalistas de um país fazem investimentos em outros países.

Nas fases de expansão, o crescimento econômico atinge vários países. Nas fases de crise, isto é, de recessão, os efeitos negativos também se alastram igualmente.

Assim, por exemplo, se um determinado setor da indústria não conseguir vender a sua produção, é muito provável que ele terá de demitir funcionários e deixar de comprar matéria-prima e equipamentos. A crise se alastrará para esses dois outros setores. Novas demissões serão feitas. Sem emprego, os assalariados diminuirão o consumo. Isso levará a crise para as fazendas, fábricas de bens de consumo e para o comércio. Com as atividades produtivas e comerciais em declínio, os bancos, os setores de diversões e de serviços perderão os seus clientes.

0 resultado desse processo de recessão é triste e doloroso. A maior parte da população sente na pele os efeitos do desequilíbrio econômico.

A história do sistema capitalista tem apresentado fases de expansão seguidas de fases de recessão. Isso mostra que ele não é um sistema estável, mas sempre sujeito a crises cíclicas. 0 próprio processo de expansão cria as condições para a crise, e as medidas para solucioná-la criam as condições para uma nova fase de expansão.

O dólar dominou o mundo


Para muitos países da Europa, a Primeira Guerra Mundial significou morte e destruição. Alguns países chegaram a perder 10% da sua população ativa. Muitos tiveram grande parte do seu parque industrial, rodovias e ferrovias destruída. A inflação alcançava índices elevados. 0 cenário era de desolação. Para os governantes desses países, a tarefa prioritária consistia em recuperar a economia.

Se para os europeus a guerra trouxe enormes prejuízos, para os Estados Unidos resultou em progresso. 0 país, que já vinha se consolidando como uma das mais poderosas nações industriais do mundo, aumentaram ainda mais à distância que o separava das demais nações.

Divisão do trabalho na indústria

A divisão do trabalho é um princípio básico da industrialização. Na divisão do trabalho, cada trabalhador é designado a uma tarefa diferente, ou fase, no processo de fabricação, resultando daí um aumento da produção total. Como mostra a ilustração superior, se uma pessoa realizar as cinco fases na fabricação de um produto, poderá produzir uma unidade ao dia. Cinco trabalhadores, cada um especializado em uma das cinco fases, poderão produzir 10 unidades no mesmo tempo.





Os EUA só entraram na guerra quando faltava um ano para que ela terminasse. Tiveram poucas perdas humanas e, além disso, não houve guerra em seu território. Porém, a vantagem maior dos EUA foi ter fornecido matérias-primas, alimentos e armas, momentos para os vencedores impulsionando a sua economia.

Na década de 1920, a economia americana estava em plena expansão. Cidades cresciam por todo o território americano. 0 carro-chefe do crescimento industrial eram as fabrica de automóveis. A Ford e a General Motors fabricavam mais de 1 milhão de carros por ano. Isso estimula o crescimento de siderúrgicas, metalúrgicas, fábricas de pneus, vidros e estofamentos.

0 sistema de linha de montagem multiplicava rapidamente a produção. Nesse sistema, um operário especializava-se em executar apenas uma tarefa. 0 carro resultava, então, do trabalho combinado de centenas de operários.

A produção em massa na indústria americana abrangeu também novos produtos, que, aos poucos, foram ganhando destaque na vida moderna. Na década de 1920, milhões de geladeiras, fogões, rádios e gramofones saíam das linhas de montagem. Esses produtos já existiam anteriormente, mas, com a massificação, ficaram ao alcance das famílias de classe média.

Os produtos industriais americanos eram exportados para a Europa e para o resto do mundo. Ao mesmo tempo, seus produtos culturais conquistavam amplos espaços. A música americana, especialmente o jazz, era admirada por um público cada vez maior. Astros e estrelas do cinema americano, ainda mudo, faziam bater mais rápido o coração dos fãs. As comédias de Carlitos causavam explosões de gargalhadas e, ao mesmo tempo, ajudavam a refletir sobre a sociedade moderna.


Count Basie
Nas décadas de 1930 e 1950, quando as big bands estavam no auge da popularidade, o pianista Count Basie criou um estilo com raízes no blues e no jazz em Nova Orléans. Sua obra One o'clock jump é uma homenagem às longas noites que passava com seu grupo.




As danças americanas, como o charleston, tomavam conta dos salões. Lentamente, o modo americano de vida ia sendo difundido.

Os Estados Unidos, na década de 1920, nadavam num mar de prosperidade. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, na Europa, a reconstrução caminhava a duras penas.

Os europeus necessitavam de dinheiro para recuperar a economia do continente. Uma grande parte dos recursos veio sob a forma de empréstimos dos Estados Unidos. Aumentava, assim, a interdependência entre a economia européia e a americana.

A prosperidade trouxe a crise

A saúde do capitalismo, em nível mundial, dependia da economia dos Estados Unidos. Entretanto, a prosperidade americana apresentava pontos fracos. Um deles era a enorme concentração da renda. Durante a década de 1920, a prosperidade fez os ricos ficar mais ricos e os pobres, mais pobres. A renda se concentrou nas mãos dos grandes industriais, banqueiros e negociantes.

A economia era controlada pelas grandes empresas. Elas elevavam artificialmente os preços e rebaixavam os salários.

Para os capitalistas, isso era bom, mas para a economia isso era ruim, pois a capacidade de consumo da população, e, conseqüentemente, a possibilidade de venda dos empresários, diminuía.

No campo, a situação também não estava boa. A mecanização das fazendas e a ampliação das terras cultivadas provocaram uma superprodução, fazendo o preço dos produtos agrícolas despencar. A cada ano, crescia o número de agricultores endividados junto aos bancos. Esses agricultores passaram a comprar menos produtos industriais.

Apesar dessa gradativa redução interna do consumo, a euforia no mundo dos negócios era imensa, pois as exportações para a Europa e para a América do Sul garantiam a expansão das vendas.

A idéia de fazer fortuna rapidamente passou a ser o principal objetivo de muitos americanos. A Bolsa de Valores parecia ser o caminho mais curto para o enriquecimento.

Normalmente, quando um empresário quer ampliar o seu negócio, ele recorre a um empréstimo bancário ou à venda de ações da sua empresa na Bolsa de Valores. As pessoas compram essas ações porque acreditam que a empresa dará lucro.

E, se isso vier a acontecer, o lucro será dividido proporcionalmente entre os acionistas. Diariamente, as ações são negociadas segundo as expectativas de lucro dos investidores. Se a expectativa é de alta, as ações sobem. Caso contrário, caem.
Contudo, há momentos em que o preço das ações pode subir artificialmente, isto é, acima das possibilidades reais de lucro. Nos últimos anos da década de 1920, era 'isso que estava ocorrendo nos EUA. Alguns empresários, aproveitando-se da euforia econômica e do desejo de lucro imediato, lançavam no mercado um número cada vez maior de ações. Assim, foram construindo um castelo de areia, que só se manteria de pé se o público continuasse a investir em ações e a confiar no mercado.

No verão de 1929, a Bolsa de Nova York operava em ritmo frenético. Embora se percebesse a gravidade da situação, nenhuma atitude era tomada. Essa omissão se explica pelo fato de que, nessa época, nos EUA, predominavam as idéias do liberalismo econômico. Segundo elas, o governo jamais deveria intervir nas atividades econômicas, pois o próprio mercado se encarregaria de encontrar a melhor solução.

A prosperidade norte-americana estava assentada em bases precárias. Um abalo levou-a ao chão.

O dia em que o Bolso quebrou

0 crescimento da economia americana revelou os seus problemas. No segundo semestre de 1929, eles já estavam bastante visíveis. A produção das fábricas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A concentração de renda na sociedade americana, entre outros efeitos, diminuía o consumo. As indústrias européias voltavam a produzir num ritmo acelerado. Conseqüentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos. Delineou-se, assim, um processo de superprodução, provocando a queda dos preços e do lucro empresarial.

0 efeito disso sobre as cotações das ações na Bolsa de Valores foi catastrófico. No dia 29 de outubro de 1929, o rosto dos corretores e dos investidores revelava o desespero da situação. Com os lucros em queda livre, a cotação das ações despencou vertiginosamente. Milhões de pessoas, que acalentavam o sonho de se tornar milionárias, ficaram na miséria do dia para a noite. A economia americana entrava em um processo acelerado de desorganização.

Todos passaram a ter medo de investir. Os empresários evitavam até mesmo aplicar mais dinheiro nas suas fábricas. Milhares delas fechara.m as portas e despediram os empregados. 0 desemprego atingiu milhões de trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. 0 mercado se restringiu. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o setor de serviços, se alastrando por toda a economia.

Os agricultores chegaram a queimar a produção, a pois os preços dos produtos a não compensavam o custo do transporte, A falta de abastecimento levou a fome para cidades americanas. As filas para conseguir comida, distribuída gratuitamente pelo governo, tornaram-se comuns nos grandes centros. A economia americana mergulhou na recessão.
A crise se espalhou pelo mundo capitalista

Em virtude da enorme importância da economia americana na economia mundial, a crise logo atingiu outros países. Rapidamente, os empréstimos e investimentos americanos foram retirados do continente europeu. Para a Europa, nada poderia ser pior. Na Áustria, o principal banco faliu. Na Alemanha, o povo, com medo da inflação, correu aos bancos para retirar dinheiro e estocar mercadorias em casa. Isso abalou as finanças e colocou por terra os esforços que vinham sendo feitos para reerguer a economia alemã, tão prejudicada pela Primeira Guerra.

A saída, americano para a crise

A recuperação das economias capitalistas se deu em ritmos diferentes. Até então, as crises do capitalismo tinham sido resolvidas com a conquista de novos mercados em regiões distantes. Entretanto, agora, com o mundo já dividido e com a criação de numerosos países, isso se tornava perigoso. As chances de conflito eram grandes. Assim, a solução teria de vir de uma reorganização econômica interna de cada país.
A recuperação americana é um bom exemplo de como Isso se deu. Com algumas diferenças, as medidas adotadas nesse país foram as mas utilizadas em outras nações capitalistas.
A crise de 1929 teve efeitos de   vazadores sobre a sociedade americana. Quinze milhões de desempregados, fábricas fechadas, agricultores vendo as suas propriedades tomadas pelos banqueiros, greves e revoltas agitando o país. A América estava à beira de uma revolução social. 0 povo culpava o presidente pela crise. Assim, nas eleições de 1932, votou no candidato da oposição, o representante do Partido Democrata, Franklin Roosevelt. Ele prometeu fazer a  economia voltar a crescer. Seu programa ficou conhecido como New Deal. Esse programa implicou uma maior intervenção do Estado na economia. Foram criadas agências governamentais para administrar as inúmeras obras públicas, destinadas a reerguer a economia. Para dar emprego a milhões de desempregados, o governo mandou construir estradas, barragens, usinas hidrelétricas, reflorestar florestas etc. Com isso, esses homens, agora empregados, voltam a consumir. As indústrias, o comércio e os bancos retomaram lentamente suas atividades.

A agricultura foi beneficiada com muitos créditos e energia barata. Além disso, o governo implementou obras em áreas até então inaproveitadas. Com a ampliação do mercado consumidor nas cidades e com a reorganização dos transportes e da economia, os agricultores se sentiram novamente estimulados a plantar. As cidades voltavam a ser abastecidas regularmente.

A situação dos pobres melhorou. Estabeleceu-se o salário desemprego e um salário mínimo para os trabalhadores. Garantiu-se aos operários o direito de ter seus sindicatos e de lutar por melhores salários.

Os resultados dessas medidas foram bastante satisfatórios. Tanto que, em 1936, os indicadores econômicos mostravam que a recessão já tinha passado. A expansão se dava lentamente. De qualquer forma, os tempos de crise profunda tinham ficado para trás. 



Bibliografia



§  Apostila de Estudo 02 (Humanas)
Faculdades Unip/Objetivo – 1999

§  Enciclopédia Encarta 99
Microsoft Corp.

§  Abc, sua Enciclopédia Virtual

 Alunos: Fabiano Takeda Leandro Maraccini