Crise
de 1929, queda do
índice geral da bolsa de Nova York em 1929. Em 1927, após um período de fortes
investimentos no estrangeiro e com uma economia crescente, os financistas norte-americanos
que operavam em Wall
Street
centraram-se no mercado interno. Quanto mais compravam, maior era a subida dos preços, o que atraía mais investimentos. Em 24 de outubro de 1929,
conhecido como “quinta-feira negra”, iniciou-se um forte movimento vendedor,
que produziu o colapso das cotações na referida bolsa. Embora muitos analistas
pensassem, no princípio, que se tratava de um ajuste passageiro do mercado, o
crack de Wall Street marcou o início da Grande Depressão, assentando as bases
para a criação do New Deal de Franklin D. Roosevelt, em 1933.
A instabilidade do
capitalismo
A
palavra "crise" sempre traz apreensão. Em 1929, os países
capitalistas enfrentaram a maior crise da sua história. A crise de 1929 foi
grave tanto pelos problemas sociais que ela causou quanto pela dimensão mundial
que assumiu.
Para entender a natureza
dessa crise, devemos perceber que a economia industrial capitalista é composta
de várias atividades interdependentes.
Quando
a economia de um país se encontra num momento de funcionamento normal, as
coisas procedem mais ou menos desta forma: os industriais, para produzir,
necessitam comprar matéria-prima e máquinas de outros empresários. A produção
de uma fábrica estimula a produção de outras. Os empresários pagam salários aos
seus empregados. Estes compram alimentos e produtos industrializados. Com isso,
o comércio cresce. Outros setores, como o bancário, de transporte, de diversão
e de serviços, também são incentivados pelo aumento da produção e do consumo.
Da
mesma maneira que há uma interdependência entre as atividades econômicas de um
país, ela existe também entre as economias de vários países. Com a expansão do
capitalismo industrial, essa interação passou a ser cada vez maior. Os países
importam e exportam. Os capitalistas de um país fazem investimentos em outros
países.
Nas fases de expansão, o crescimento econômico
atinge vários países. Nas fases de crise, isto é, de recessão, os efeitos
negativos também se alastram igualmente.
Assim,
por exemplo, se um determinado setor da indústria não conseguir vender a sua
produção, é muito provável que ele terá de demitir funcionários e deixar de
comprar matéria-prima e equipamentos. A crise se alastrará para esses dois
outros setores. Novas demissões serão feitas. Sem emprego, os assalariados
diminuirão o consumo. Isso levará a crise para as fazendas, fábricas de bens de
consumo e para o comércio. Com as atividades produtivas e comerciais em
declínio, os bancos, os setores de diversões e de serviços perderão os seus
clientes.
0
resultado desse processo de recessão é triste e doloroso. A maior parte da
população sente na pele os efeitos do desequilíbrio econômico.
A
história do sistema capitalista tem apresentado fases de expansão seguidas de
fases de recessão. Isso mostra que ele não é um sistema estável, mas sempre
sujeito a crises cíclicas. 0 próprio processo de expansão cria as condições
para a crise, e as medidas para solucioná-la criam as condições para uma nova
fase de expansão.
O dólar dominou o
mundo
Para
muitos países da Europa, a Primeira Guerra Mundial significou morte e
destruição. Alguns países chegaram a perder 10% da sua população ativa. Muitos
tiveram grande parte do seu parque industrial, rodovias e ferrovias destruída.
A inflação alcançava índices elevados. 0 cenário era de desolação. Para os
governantes desses países, a tarefa prioritária consistia em recuperar a
economia.
Se
para os europeus a guerra trouxe enormes prejuízos, para os Estados Unidos
resultou em progresso. 0 país, que já vinha se consolidando como uma das mais
poderosas nações industriais do mundo, aumentaram ainda mais à distância que o
separava das demais nações.
Divisão do trabalho na indústria
A divisão do trabalho é um princípio básico da
industrialização. Na divisão do trabalho, cada trabalhador é designado a uma
tarefa diferente, ou fase, no processo de fabricação, resultando daí um aumento
da produção total. Como mostra a ilustração superior, se uma pessoa realizar as
cinco fases na fabricação de um produto, poderá produzir uma unidade ao dia.
Cinco trabalhadores, cada um especializado em uma das cinco fases, poderão
produzir 10 unidades no mesmo tempo.
Os EUA só entraram na guerra
quando faltava um ano para que ela terminasse. Tiveram poucas perdas humanas e,
além disso, não houve guerra em seu território. Porém, a vantagem maior dos EUA
foi ter fornecido matérias-primas, alimentos e armas, momentos para os
vencedores impulsionando a sua economia.
Na
década de 1920, a economia americana estava em plena expansão. Cidades cresciam
por todo o território americano. 0 carro-chefe do crescimento industrial eram
as fabrica de automóveis. A Ford e a General Motors fabricavam mais de 1 milhão
de carros por ano. Isso estimula o crescimento de siderúrgicas, metalúrgicas,
fábricas de pneus, vidros e estofamentos.
0
sistema de linha de montagem multiplicava rapidamente a produção. Nesse
sistema, um operário especializava-se em executar apenas uma tarefa. 0 carro
resultava, então, do trabalho combinado de centenas de operários.
A
produção em massa na indústria americana abrangeu também novos produtos, que,
aos poucos, foram ganhando destaque na vida moderna. Na década de 1920, milhões
de geladeiras, fogões, rádios e gramofones saíam das linhas de montagem. Esses
produtos já existiam anteriormente, mas, com a massificação, ficaram ao alcance
das famílias de classe média.
Os produtos
industriais americanos eram exportados para a Europa e para o resto do mundo.
Ao mesmo tempo, seus produtos culturais conquistavam amplos espaços. A música
americana, especialmente o jazz, era admirada por um público cada vez maior.
Astros e estrelas do cinema americano, ainda mudo, faziam bater mais rápido o
coração dos fãs. As comédias de Carlitos causavam explosões de gargalhadas e,
ao mesmo tempo, ajudavam a refletir sobre a sociedade moderna.
Count Basie
Nas décadas de 1930 e 1950, quando as big bands
estavam no auge da popularidade, o pianista Count Basie criou um estilo com
raízes no blues e no jazz em Nova Orléans. Sua obra One o'clock jump
é uma homenagem às longas noites que passava com seu grupo.
As
danças americanas, como o charleston, tomavam conta dos salões. Lentamente, o
modo americano de vida ia sendo difundido.
Os
Estados Unidos, na década de 1920, nadavam num mar de prosperidade. Enquanto
isso, do outro lado do Atlântico, na Europa, a reconstrução caminhava a duras
penas.
Os
europeus necessitavam de dinheiro para recuperar a economia do continente. Uma
grande parte dos recursos veio sob a forma de empréstimos dos Estados Unidos.
Aumentava, assim, a interdependência entre a economia européia e a americana.
A prosperidade trouxe a crise
A
saúde do capitalismo, em nível mundial, dependia da economia dos Estados
Unidos. Entretanto, a prosperidade americana apresentava pontos fracos. Um
deles era a enorme concentração da renda. Durante a década de 1920, a
prosperidade fez os ricos ficar mais ricos e os pobres, mais pobres. A renda se
concentrou nas mãos dos grandes industriais, banqueiros e negociantes.
A
economia era controlada pelas grandes empresas. Elas elevavam artificialmente
os preços e rebaixavam os salários.
Para
os capitalistas, isso era bom, mas para a economia isso era ruim, pois a
capacidade de consumo da população, e, conseqüentemente, a possibilidade de
venda dos empresários, diminuía.
No
campo, a situação também não estava boa. A mecanização das fazendas e a
ampliação das terras cultivadas provocaram uma superprodução, fazendo o preço
dos produtos agrícolas despencar. A cada ano, crescia o número de agricultores
endividados junto aos bancos. Esses agricultores passaram a comprar menos
produtos industriais.
Apesar
dessa gradativa redução interna do consumo, a euforia no mundo dos negócios era
imensa, pois as exportações para a Europa e para a América do Sul garantiam a
expansão das vendas.
A
idéia de fazer fortuna rapidamente passou a ser o principal objetivo de muitos
americanos. A Bolsa de Valores parecia ser o caminho mais curto para o
enriquecimento.
Normalmente,
quando um empresário quer ampliar o seu negócio, ele recorre a um empréstimo
bancário ou à venda de ações da sua empresa na Bolsa de Valores. As pessoas
compram essas ações porque acreditam que a empresa dará lucro.
E,
se isso vier a acontecer, o lucro será dividido proporcionalmente entre os acionistas.
Diariamente, as ações são negociadas segundo as expectativas de lucro dos
investidores. Se a expectativa é de alta, as ações sobem. Caso contrário, caem.
Contudo, há momentos em
que o preço das ações pode subir artificialmente, isto é, acima das possibilidades
reais de lucro. Nos últimos anos da década de 1920, era 'isso que estava
ocorrendo nos EUA. Alguns empresários, aproveitando-se da euforia econômica e
do desejo de lucro imediato, lançavam no mercado um número cada vez maior de
ações. Assim, foram construindo um castelo de areia, que só se manteria de pé
se o público continuasse a investir em ações e a confiar no mercado.
No
verão de 1929, a Bolsa de Nova York operava em ritmo frenético. Embora se
percebesse a gravidade da situação, nenhuma atitude era tomada. Essa omissão se
explica pelo fato de que, nessa época, nos EUA, predominavam as idéias do
liberalismo econômico. Segundo elas, o governo jamais deveria intervir nas
atividades econômicas, pois o próprio mercado se encarregaria de encontrar a
melhor solução.
A
prosperidade norte-americana estava assentada em bases precárias. Um abalo
levou-a ao chão.
O dia em que o Bolso quebrou
0
crescimento da economia americana revelou os seus problemas. No segundo
semestre de 1929, eles já estavam bastante visíveis. A produção das fábricas já
não encontrava compradores com tanta facilidade. A concentração de renda na
sociedade americana, entre outros efeitos, diminuía o consumo. As indústrias
européias voltavam a produzir num ritmo acelerado. Conseqüentemente, voltaram a
fazer concorrência aos produtos americanos. Delineou-se, assim, um processo de
superprodução, provocando a queda dos preços e do lucro empresarial.
0
efeito disso sobre as cotações das ações na Bolsa de Valores foi catastrófico.
No dia 29 de outubro de 1929, o rosto dos corretores e dos investidores
revelava o desespero da situação. Com os lucros em queda livre, a cotação das
ações despencou vertiginosamente. Milhões de pessoas, que acalentavam o sonho
de se tornar milionárias, ficaram na miséria do dia para a noite. A economia
americana entrava em um processo acelerado de desorganização.
Todos
passaram a ter medo de investir. Os empresários evitavam até mesmo aplicar mais
dinheiro nas suas fábricas. Milhares delas fechara.m as portas e despediram os
empregados. 0 desemprego atingiu milhões de trabalhadores e agravou ainda mais
a situação das empresas que sobreviveram. 0 mercado se restringiu. Os
trabalhadores não tinham dinheiro para comprar mercadorias. A crise atingiu
intensamente o comércio e o setor de serviços, se alastrando por toda a
economia.
Os
agricultores chegaram a queimar a produção, a pois os preços dos produtos a não
compensavam o custo do transporte, A falta de abastecimento levou a fome para
cidades americanas. As filas para conseguir comida, distribuída gratuitamente
pelo governo, tornaram-se comuns nos grandes centros. A economia americana
mergulhou na recessão.
A crise se espalhou pelo
mundo capitalista
Em
virtude da enorme importância da economia americana na economia mundial, a
crise logo atingiu outros países. Rapidamente, os empréstimos e investimentos
americanos foram retirados do continente europeu. Para a Europa, nada poderia
ser pior. Na Áustria, o principal banco faliu. Na Alemanha, o povo, com medo da
inflação, correu aos bancos para retirar dinheiro e estocar mercadorias em
casa. Isso abalou as finanças e colocou por terra os esforços que vinham sendo
feitos para reerguer a economia alemã, tão prejudicada pela Primeira Guerra.
A saída, americano para a crise
A
recuperação das economias capitalistas se deu em ritmos diferentes. Até então,
as crises do capitalismo tinham sido resolvidas com a conquista de novos
mercados em regiões distantes. Entretanto, agora, com o mundo já dividido e com
a criação de numerosos países, isso se tornava perigoso. As chances de conflito
eram grandes. Assim, a solução teria de vir de uma reorganização econômica
interna de cada país.
A
recuperação americana é um bom exemplo de como Isso se deu. Com algumas
diferenças, as medidas adotadas nesse país foram as mas utilizadas em outras
nações capitalistas.
A
crise de 1929 teve efeitos de vazadores
sobre a sociedade americana. Quinze milhões de desempregados, fábricas
fechadas, agricultores vendo as suas propriedades tomadas pelos banqueiros,
greves e revoltas agitando o país. A América estava à beira de uma revolução
social. 0 povo culpava o presidente pela crise. Assim, nas eleições de 1932,
votou no candidato da oposição, o representante do Partido Democrata, Franklin Roosevelt. Ele prometeu fazer a economia voltar a crescer. Seu programa ficou
conhecido como New Deal. Esse programa
implicou uma maior intervenção do Estado na economia. Foram criadas agências
governamentais para administrar as inúmeras obras públicas, destinadas a reerguer
a economia. Para dar emprego a milhões de desempregados, o governo mandou
construir estradas, barragens, usinas hidrelétricas, reflorestar florestas etc.
Com isso, esses homens, agora empregados, voltam a consumir. As indústrias, o
comércio e os bancos retomaram lentamente suas atividades.
A
agricultura foi beneficiada com muitos créditos e energia barata. Além disso, o
governo implementou obras em áreas até então inaproveitadas. Com a ampliação do
mercado consumidor nas cidades e com a reorganização dos transportes e da
economia, os agricultores se sentiram novamente estimulados a plantar. As
cidades voltavam a ser abastecidas regularmente.
A
situação dos pobres melhorou. Estabeleceu-se o salário desemprego e um salário
mínimo para os trabalhadores. Garantiu-se aos operários o direito de ter seus
sindicatos e de lutar por melhores salários.
Os
resultados dessas medidas foram bastante satisfatórios. Tanto que, em 1936, os
indicadores econômicos mostravam que a recessão já tinha passado. A expansão se
dava lentamente. De qualquer forma, os tempos de crise profunda tinham ficado
para trás.
Bibliografia
§ Apostila de Estudo 02 (Humanas)
Faculdades Unip/Objetivo – 1999
§ Enciclopédia Encarta 99
Microsoft Corp.
§ Abc, sua Enciclopédia Virtual
Alunos: Fabiano Takeda Leandro Maraccini
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